- ... ele é aquele que faz fotografia com chocolate...
- Como assim?
- Ah, ele faz um desenho e cobre de cobertura de chocolate, depois fotografa. Ele também fez aqueles desenhos gigantes com entulhos que ficavam lá nos depósitos de fantasias de carnaval no porto do Rio? Lembra disso? Saiu no jornal da TV...
- Já sei... meu filho me falou: ele fotografou de cima de um guindaste...
Inusitadamente na cena cotidiana brasileira, essas duas
senhoras, com idade entre 55 e 60 anos estavam falando de um artista contemporâneo de 47 anos, que vive há 25 anos em Nova York, recebeu os lances mais altos pagos a um artista brasileiro vivo no mercado mundial das artes, e faz um tipo de arte "queridinho" da mídia, apesar de vez ou outra receber nariz torcido da crítica.
Seu nome é Vik Muniz, e ele estará a partir de hoje com a maior mostra de toda a sua obra já feita ao longo de toda a sua carreira, no MAM, no Rio. A mesma retrospectiva será exibida em abril no Masp.
Cartazes em pontos de ônibus, outdoors, entrevistas em todos os jornais e não poderia ser diferente quando o nome é Vik Muniz. A divulgação ganhou contornos de grande mostra, o que acontece em apenas poucas ocasiões especiais na capital fluminense. Com 131 obras, a exposição traz todas as nuances de Vik : do chocolate ao diamante, dos brinquedos ao lixo.
Descoberto por um crítico do The New York Times pouco depois de ter chegado aos Estados Unidos com o dinheiro que ganhou da indenização por um tiro na perna, Vik trabalhou em pequenas galerias fazendo imitações de obras de arte, até encontrar seu próprio estilo que, segundo ele, foge das influências brasileiras. Autodidata ao extremo, como gosta de se proclamar, o artista defende a continuidade da infância em trabalhos bem-humorados. Os próprios curadores garantem: quem visitar a exposição sairá de alto astral...
Talvez seja o humor quase infantil que o torne tão próximo das massas a ponto de substituir novelas ou fofocas televisivas na temática de duas donas-de-casa num supemercado... ou não?
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