Alécio de Andrade
Imagens clássicas, frases de efeito, causos da pauta diária, uma discussão aqui, outra ali. Um consenso: acabou a era da espontaneidade em que Cartier-Bresson foi o paradigma. O resumo veio da boca de Pedro Vazquez, na abertura do debate em que ele seria o mediador, no Instituto Moreira Salles, sob o tema “O trabalho autoral em fotografia e o fotojornalismo ontem e hoje: o papel das agências fotográficas no Brasil e no exterior”.
Envolvidos pelas fotos de Alécio de Andrade, que estão em exposição na casa da Gávea até novembro, os convidados do evento - Evandro Teixeira, Rogério Reis, Custódio Coimbra, Zeca Linhares, Joaquim Marçal e Pedro Vasquez - elegeram o fotógrafo, morto em 2003, como um representante do fim desta era. Deixaram a memória correr solta e brincaram de procurar nas gavetas do tempo causos dos encontros e desencontros que tiveram com Alécio. Sobraram risadas e a certeza de que tudo mudou e vem mais por aí.
Evandro Teixeira
Entre as várias razões para tal certeza está a dificuldade da captação da imagem “roubada”. O direito do uso da imagem virou sangue puro para alimentar a sede dos ex-advogados de porta de cadeia que hoje utilizam este meio para instigar personagens de matérias de revistas e jornais a processar fotojornalistas, bem lembrou Evandro.
A banalização da imagem por meio da proliferação das máquinas digitais também trouxe à tona as imagens cansadas, que caem no desuso do intenso tráfego de imagens na rede virtual. “O fotojornalismo hoje está demasiadamente factual. Não há mais a imagem contemplativa”, comentou Vazquez.
Outros temas a serem desenvolvidos nos próximos posts e que marcaram o tom do debate são a era do individualismo na fotografia, e a questão do congelamento do tempo nas novas tecnologias: a importância do olhar ainda prevalece?
Custódio Coimbra
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