"Uma foto de família é aberração. Fotos fazem sentido numa propaganda, para anunciar e vender um produto qualquer.
Mas não para guardar a lembrança de um ser humano. Uma fotografia é uma manipulação 'anormal': dentro dela o tempo não existe.
É uma máquina com a forma de uma lâmina fina e retangular que viaja na velocidade da luz.
Mas as lembranças devem sofrer a ação do tempo.
Por isso, não tenho a foto de ninguém em casa. Ninca tirei uma foto de uma pessoa. Qual é o sentido em ser guardar uma lembrança assim? É como aprisionar um peixnum aquário pequeno demais.
Prefiro deixar o peixe livre no rio, e longe de mim."
trecho extraído do conto Tóquio Agora,
de João Paulo Cuenca,
publicado na última edição da Revista Bravo.
Mas, então, por que fotografar? Por que captar a imagem e mantê-la paralisada no tempo? Por que a necessidade de guardar o momento, eternizar um frame de segundo captado pelo olhar?
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