Ok, este espaço é dedicado à fotografia, mas se permite certas vezes caminhar por outras paragens, como já fez na área de cinema. Hoje é dia de comentar a música, que ao contrário do cinema, parece ser uma prima bem distante das imagens, por ativar outro sentido humano.
Pois num show realizado no Circo Voador no último sábado, os ex-titã Arnaldo Antunes fez o belo casamento entre as duas artes para o deleite de um seleto público com um show impecavelmente fotográfico, singelo e poético.
Já não é de hoje que ele faz incursões nesta seara em livros de poesia concreta em que combinou os textos com artes visuais, sejam elas grafismos, ilustrações ou mesmo com as fotosde Márcia Xavier no livro ET EU TU. No show, acústico, uma formação curiosa, com dois violões/guitarras e um teclado, sem qualquer percussão, passeiam pelo fundo imagens de água, corrente, parada, doce, salgada, enfim, imagens permeiam todas as músicas e envolvem o camaleão desengonçado que arnaldo encarna em trajes de uma espécie de acrobacia pirotécnica infantil.
Essa conjunção de imagem e som sempre cai bem. Clipes musicais, cenas de cinema com trilhas sonoras que dão a cara do medo, da tristeza, do enlevo, seja qual sentimento for. A imagem, pensada sob a perspectiva de sua plástica-rítimica, atuando num eixo espaço-temporal vem cada vez mais ganhando novas versões e a popularização do VJ, no lugar do DJ, em recentes festas demonstra que os meios digitais e novos programas voltados para essa finalidade facilitaram a expansão dessa parceria bem vinda.
Vale lembrar que essa explosão de criatividade e da expressão das subjetividades através do meio audiovisual, com o surgimento e o resgate de diferentes formas narrativas hoje expressas pelos VJs, teve início lá atrás, bem antes dos happenings dos hippies, das imagens psicoldélicas de Greateful Dead ou Pink Floyd.
A origem da combinação de imagem e som - apesar dos chineses já terem estudado, Aristóteles ter relacionado as sete cores do arco-íris às sete notas musicais - data mesmo de 1743, com os Concertos da Cor, inventados pelo frncês Louis Bertrand Castel, um matemático e padre, que combinou sete notas de tom maio em seu órgão musical, com sete cores diferentes catalisadas por papéis coloridos translúcidos cobertos por cortinas, que eram movidos na frente de velas compondo o instrumento. A experiência foi amplamente repetida nos séculos posteriores até chegar aos primórdios lisérgicos da década de 60 e se pertuar nos VJs atuais.
Pois que venham mais música e mais imagens...
Um comentário:
gostei de saber desse padre francês...
também amei o show.
arabéns pelo site.
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